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Na roleta das expectativas – um ano melancólico

Na roleta das mudanças ansiava por férias.

Empacotámos tudo em tempo recorde e levámos muitas caixas até à casa nova, de forma a reduzirmos para uma viagem o trabalho da empresa de mudanças. Despejámos o nosso T2 na sala e no hall de entrada uma vez que as restantes divisões estariam em obras.

Fiz várias piscinas até à casa dos meus pais a tentar trazer apenas o essencial para os três meses seguintes, sempre com aquela sensação de não saber bem se trouxe tudo.

Identifiquei todas as caixas e caixotes caso precisássemos de ir buscar algo, só não me lembrei que a minha nova sala seria um amontoado de pirâmides de caixas e que só de pensar em chegar a elas, talvez não seja algo assim tão essencial.

Chegaram as férias, pausa nas correrias, burocracias, mudanças e obras.

Sabia que não ia para as férias dos meus sonhos, mas este ano foi o possível.

A minha alma criativa fez um esforço para viver os pequenos momentos, para me permitir a novas experiências, para levar algo de novo no coração e sentir o apreciar da simplicidade de um outro ponto de vista.

Assim foi, tive uns quantos momentos felizes, fiz muito paddle e absorvi toda a natureza que consegui (porque isso me deixa mais estável na minha ansiedade de quem não está a viver os dias mais esperados como desejava).

Mas, não podemos ser aquilo que não somos.

Eu preciso de paz, de dias só em família os 3, de detalhes bonitos, de escolher os pratos que ponho na mesa e os petiscos que quero cozinhar. Para mim, faz diferença o guardanapo bonito, a tábua de queijos decorada e a harmonia que deixa o meu coração a saltitar de felicidade por um sentimento tão grande de pertença.

Eu estou em casa nos detalhes bonitos.

Ainda que pareça picuinhas, é assim que eu sou e amo ser. Vibro com a beleza do pormenor. Não há explicação, só de olhar para uma mesa bonita o meu mood serena.

Fiquei um pouco de mau humor quando refleti nos nossos 15 dias de férias. É sempre assim quando me sinto contrariada naquilo que considero merecer. Apesar de saber perfeitamente como iriam ser estes 15 dias e de me ter entregue à aventura. Faz parte de mim, quando regresso à base e me deixo emergir em mil pensamentos faço o meu balanço impulsivo, pode dar para o bom e para o mau e pode ser temporário ou definitivo.

O bom disto, é que eu já me conheço e sabia que este momento chegaria, vivi-o e deixei que aos poucos a ponderação fosse regressando a mim.

Há uma diferença entre o que dizem que devemos ser ou procurar e aquilo que simplesmente somos. Podemos melhorar, usar o auto-conhecimento para prevermos situações, mas devemos ser quem somos e há características que nos são tão intrínsecas que aceitar é o melhor caminho.

Este ano tem sido duro e desafiante para nós e fica difícil não questionar “porquê?” ou “a sério, mais um desafio?”. It is what it is.

Foi um ano com muitas dores de crescimento e a primeira vez que me questionei se me sentia realmente feliz, respondi “não me sinto feliz. Tive momentos felizes, mas a melancolia habita em mim na maioria do tempo”. Talvez porque ainda vivo o meu luto pelo Zig e porque fechei outros ciclos na minha vida.

Sei que faz parte da caminhada e que depois da tempestade, vem a bonança.

Obrigada por estares aqui.

P.s: Um livro que me inspirou estas férias; momentos felizes e de pura conexão que gravei no meu coração.

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